terça-feira, 20 de novembro de 2018

Desenvolvimento da competência leitora/escrita




"Na realidade, nunca poderá haver um método sociopsicolinguistico para ensinar a ler e escrever, já que um método seria contrário à todas as evidências sobre a multiplicidade de diferenças individuais e contextuais que cada criança traz para o evento da leitura e escrita."
(Braggio, Sílvia. Leitura e alfabetização - da concepção mecanicista à sociopsicolinguística. Artes Médicas, 1992)

"Por outro lado, as sugestões de atividades envolvem palavras de um universo semântico vinculado à algo que interesse os alunos no momento de sua proposição."
(Grossi, Esther. Didática do nível alfabético. Vol III. Paz e Terra, 1990)

Passado aquele momento mais difícil de superar o estágio silábica e avançar para o nível alfabético, propus à Cecília as caixas de leitura para que ela tivesse motivação de ler sozinha.
A primeira caixinha foi apenas de palavras que se originavam de seu universo semântico. Ela brincou muito com essa caixinha e sempre se referia à ela como uma brincadeira, sinal de que a estratégia escolhida estava no caminho certo. 🤩

Esta semana iniciei a caixinha com frases inteiras. O sinal de que a caixa de leitura com palavras já estava superado é que a Cecília tenta ler sozinha tudo que contiver letras na sua frente. Entendi que podíamos avançar para as leituras e escritas de frases completas.

Da mesma forma da caixinha com palavras, busquei as palavras do seu cotidiano, assim cada vez que ela consegue ler uma frase que faz parte do seu contexto de vida, ela abre um bocão de felicidade e animação que é o meu melhor feedback!!












No primeiro cartão de leitura, ela já dispensou minha ajuda e foi lendo sílaba por sílaba, as frases. Quando ela finalizava a leitura, eu fazia perguntas de interpretação da frase para ajudá-la a perceber o sistema de organização da frase. Ela conseguiu responder corretamente em todas as frases que leu, sinal de que a estrategia da caixa de frases tem conseguido ajudá-la a desenvolver seus esquemas cognitivos para processar o que leu e assim desenvolver sua performance de leitora/escritora.

Quando finalizamos a atividade de leitura das frases, iniciamos a atividade de escrita, sem perder de vista a enorme animação provocada pelo empoderamento que a leitura das frases lhe proporcionou.

Perguntei--lhe pra quem queria escrever. Ela escolheu a sua professora. Então, quis saber o que ela queria comunicar à professora, numa clara evidência da função social da escrita. Ela falou que desejava muitas coisas boas para a professora.
Assim, ditei à ela a data de hoje. Escreveu "Castanhal" com "u" no final. Eu não a corrigi, pois de acordo com a Silvia Braggio, ao incentivarmos as crianças à escreverem como sabem no início do processo de aquisição, elas desenvolvem os princípios linguísticos, "ou seja, elas internalizam a forma de organização da linguagem escrita em relação ao seu significado na cultura": disposição das frases no papel, direcionalidade (direção das frases), o papel de quem vai ler, dentre outros.

Antes de iniciar o conteúdo da mensagem da carta, Cecília pediu que eu escrevesse o que ela queria comunicar "porque assim eu copio e treino porque a professora vai passar pra eu tirar do quadro hoje e eu quero ser mais rápida." Isso me derramou pois, eu preferia que ela tentasse escrever do jeitinho dela. No entanto, não demosntrei nada disso e fiz o que ela me pediu.
Assim, a carta ficou pronta e ela olhava encantada para sua "primeira carta só com palavras!!!" 😍😍 Depois, não resistiu e tascou uns desenhos e coloriu muito, do jeito que ela adora!!

Por aqui vamos neste oportunizando a formação de uma leitora/escritora cheia de habilidades e competência suficientes que a riqueza de experiências em atos e materiais de leitura e escrita imersas na afetividade que o processo exige para não se tornar enfadonho. Entendo que as habilidades e competências leitora/escritora devem acontecer na ludicidade e nela permanecer como algo extremamente funcional para o convívio social e prazeroso do ponto de vista pessoal. 

Pacote de atividades para trabalhar valores morais e autorregulação infantil

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