sexta-feira, 26 de junho de 2020

Tecnologias na primeira infância


Pra quem não me conhece, fiz especialização em Informática na Educação, o que me possibilitou trabalhar por 13 anos nessa área, nas redes públicas estadual e municipal. Por isso mesmo, sempre fui uma pesquisadora e, consequentemente, uma defensora do uso de recursos tecnológicos na primeira infância - no meu caso, delimitei a partir dos 6 meses de idade.
A minha filha Cecília iniciou o acesso aos nossos smartphone aos 6 meses de idade por conta dos vídeos e fotos que fazíamos dela. Evoluiu para os vídeos da Galinha Pintadinha e, aos 2 anos e meio inaugurou na pesquisa usando smartphone quando descobriu sozinha o recurso de pesquisa usando a voz (na época, nem eu sabia aonde ficava isso kkkk). 
Minha filha aos 9 meses com meu smartphone 

De lá pra cá, sempre liberamos os os canais YouTube, a Play Store e o Google e acompanhavamos de perto o que ela assistia, baixava ou pesquisava. Da mesma forma fazíamos com a televisão. Nesse acompanhar, íamos ensinando-a a filtrar o que acessava: perguntavamos se aquilo estava lhe fazendo sentir bem ou se evocava pensamentos ou sentimentos ruins; se o que era ensinado ali ela considerava bom, justo ou correto e aproveitávamos o momento para ir ensinando valores morais e éticos... E assim ela foi aprendendo a filtrar o que vê e lê na web.
Com quase 2 anos, com meu tablet

Hoje, às portas de completar 8 anos, Cecília tem predileção pelo YouTube, onde consegue aprender uma infinidade de coisas novas, principalmente no tocante às Artes, área que ela ama, juntamente com a expressão artística do corpo, outra de suas paixões. Ela usa com desenvoltura os smartphone, notebooks e tablet mas, prefere muito mais os dois primeiros. 
Vez ou outra aparece algo ruim que ela sozinha acessa, mas já sabe se desvencilhar daquilo e até vem nos contar quando não estamos assistindo juntas. A autonomia que fomos construindo juntas, vai se solidificando com a confiança que temos uma na outra e entre ela e o pai.

Este canal no YouTube, da Luíza Normey, fui eu que acessei pq ando flertando com a aquarela, mas eu o ouvia sem fones de ouvido. Cecília escutou de longe, largou tudo que estava fazendo e se chegou juntinho, grudadinha e ficamos ali embevecidas com suas pinceladas e trocando impressões e lembranças de nossas próprias experiências com a aquarela.  O vídeo rendeu até uma conversa sobre autoestima porque a Luíza não achava que sua arte final estava perfeita como ela queria e nós duas estávamos absolutamente boquiabertas com a beleza monocromática de um desenho humano. Me vendo pesquisar no YouTube ela vai fortalecendo o que construímos na base: filtro. É é como diz o ditado antigo: o exemplo arrasta.

A partir da minha experiência como educadora, de minhas pesquisas na área da Informatica e Educação e de minha experiência pessoal com minha filha, continuo árdua defensora das tecnologias na primeira infância, sempre destacando que esse uso PRECISA do acompanhamento e orientação do adulto. A web é um mundo democrático de informações boas e ruins. Se não ensinamos as crianças à fazer um filtro, elas crescem sem saber disso e, qualquer que seja a sua idade, vai ser prejudicial à criança. A web é um reflexo da realidade onde, em qualquer esquina, tem gente boa assim como há pessoas ruins. 

Na primeira infância, temos ainda mais chance de consolidar essa habilidade de filtrar as pessoas e as situações mais rapidamente porque as crianças estão mais suscetíveis ao aprender: são umas devoradoras de saber. 🤩
Pra finalizar, ressalto que qualquer tecnologia, inclusive a televisão, pode se tornar viciante, caso não seja orientada e acompanhada por um adulto ou não for oferecido outras formas de entretenimento à criança. Tudo é uma questão de EQUILÍBRIO e ACOMPANHAMENTO do adulto. Num momento desses, em que a pandemia acelerou essa entrada das tecnologias na vida das Crianças, considero importante deixar nosso relato aqui, como forma de ajudar nesse processo novo para a maioria dos pais e mães. 

Esse texto não te obriga a usar as tecnologias com seu filho ou filha. É apenas um relato breve do que e como funcionou e vem funcionando aqui na minha casa.  Há que se considerar que a minha realidade (ser professora, ser especialista em Informática na Educação e a larga experiência com as tecnologias na educação) pesam bastante no resultado positivo mostrado aqui. Portanto, não se sinta obrigada ou obrigado.

Pacote de atividades para trabalhar valores morais e autorregulação infantil

Gente, que ano é esse?! Uma pandemia que deixa nossas crianças brasileiras trancafiadas dentro de casa e cheias de ansiedade e preocupações,...