"As crianças não são meros sujeitos aprendizes, mas são também sujeitos que sabem. Em outras palavras, as crianças adquirem novos comportamentos durante seu desenvolvimento, porém, mais importante, é que elas adquirem um novo conhecimento. (...)
Para adquirir conhecimento sobre o sistema de escrita, as crianças agem da mesma maneira que em outras áreas do saber: tentam assimilar a informação do meio. (...)
A necessidade da incorporação de novas informações é uma das razões da alteração de um determinado esquema."
Fonte: Como as crianças constroem a leitura e a escrita. Yetta Goodman (org.). Editora Artes Médicas.
Em agosto, quando iniciei o trabalho de acompanhamento do processo de alfabetização da minha filha de 6 anos, apliquei alguns testes diagnósticos para ter a certeza de em que nível do processo de leitura e escrita ela estava. Busquei nos estudos sobre a psicogênese da leitura e escrita, de Emílio Ferreiro e Ana Teberosky, o parâmetro para a diagnose. Percebi que a minha filha estava numa transição entre o primeiro e o segundo nível do processo, mas, o pior de tudo era que havia estacionado, rejeitando seguir adiante.
Deixei neste blog os primeiros instrumentos que criei para diversificar as informações do meio em que ela vive pra que ela pudesse voltar para o processo de confrontação de suas hipóteses e acomodação de novos esquemas.
Hoje, seguramente, ela está na transição do segundo para o terceiro nível do processo de leitura e escrita. Como mostram as imagens do trabalho que fiz com ela hoje, com a ajuda dos envelopes de palavras, ela já percebeu a fonetização da representação da escrita.
Na primeira imagem, ela precisava escrever a palavra "tesoura" com as sílabas, primeiramente. Ela montou "terasou". Perguntei-lhe se estava correto e ela afirmou que sim. Pedi então que lesse a palavra montada, usando os dedos pra apontar cada sílaba pronunciada. Foi quando ela parou na segunda sílaba, claramente num conflito, e me olhou sorrindo dizendo "eu me enganei, ahahaha". Fiquei muito feliz porque ela não percebe mais "o erro" e sim um engano, uma confusão! E em segundo lugar porque ela refez sua hipótese trocando a colocação das sílabas. Em seguida, montar a palavra usando as letras foi mais fácil. Depois, pedi-lhe que me dissesse quantas sílabas e quantas letras formam a palavra "tesoura". Incentivei-a a dissecar ainda mais a palavra, pedindo-lhe que me dissesse quantas consoantes e quantas vogais foram necessárias para escrever a palavra.
Ainda como forma de acrescentar informações neste processo, usei o tapete de alfabeto que existe no quarto dela, um presente da tia dela. Propus uma brincadeira: ela deveria pular nas letras que eu mencionasse, e em seguida falar uma palavra que iniciasse com aquela letra. Foi um jogo divertidíssimo porque ela confrontava suas hipóteses fonêmicas e ria bastante delas! Fazemos isso, desde meados de agosto e hoje todas as suas hipóteses fonêmicas foram confirmadas!
Em apenas 2 meses de variadas informações do meio doméstico, minha filha reconstruiu a noção de "erro" e voltou a evoluir no seu processo de aquisição da leitura e escrita. Fico feliz de constatar que ela já adentra no terceiro nível, começando a fazer as primeiras análises sonoras dos fonemas das palavras que escreve!!
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